quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Pedaços II

A angústia toma conta do meu peito.A separação é uma dor sublime, não diz quando vem, apenas resolve fazer uma visita.E me deparo com meu semblante quase profissional diante do espelho.Talvez exercitar o não aumente a minha auto-estima, mas não facilita a dor da perda.A perda tem hora, às sete em ponto, restaurante Ensemble, juntos pela última vez.A vontade de sair por cima de uma relação me faz escolher o mais belo terno, sapatos engraxados pala mesma mão que decreta o nó da gravata, a hora de partir.
Caminhando junto ao fardo pesado, ponho uma rapsódia nos ouvidos, a música de nossos encontros dentro desse carro que me leva à partida atroz.O trânsito como sempre me atrapalha, como caça e caçador, fujo como uma lebre da raposa, assim mesmo como farei com o amor.
As ambulâncias soam as mesmas notas, dessa vez se aproximam cada vez mais.E perto, bem perto do restaurante, porque será que a ambulância me atrasa?
Quando chego, vejo que o atraso pode ser eterno.Era Bárbara, com a rosa branca em seu cabelo, desbotada do vermelho do sangue que se espalha, enfim a rosa tornava-se somente rosa.Não tinha o preto da pólvora, nem o cinza do asfalto, era rosa.
Ao voltar para casa, encontro a louça de duas pessoas, e o desperdício da cama de casal.Qual é a maior dor, de perder uma pessoa que amou ou nunca poder dizer que não a ama?
Bem, o nó da gravata foi em vão.